Meu nome é Nate, Nate Cromble. Sou filho único e adoro escutar música. Minha mãe se chama Emily e o meu pai Joseph. No começo, lá na escola, eu era o melhor da classe: tanto em notas e comportamento como em ''popularidade''. Era uma maravilha, até que eu fui para o Acampamento de Férias. É como se eu tivesse viajado para outro mundo, visto outra realidade. Acho que esse foi o período em que eu vi mais miséria na minha vida.
Quando voltei para casa, tudo parecia diferente: tinha novos amigos, novas metas, uma nova forma de viver e um novo estilo de vida. Meus pais achavam que eu estava apenas passando por uma fase (aquela que você fica mais rebelde), mas isso não adiantou nada, e eu continuei agindo da mesma maneira. Que maneira? Simples: eu parei de me importar com os resultados das provas, com o que os outros pensavam e até na minha relação social com as pessoas, que era o meu ponto mais forte. Resultado: minhas notas caíram e junto delas a minha popularidade. Por conta disso, fui mandado para um internato (já que os meus pais não davam conta), e fui obrigado a levar apenas uma maleta e um sorriso falso.
Ao chegar, imediatamente notei que algo estava errado. As pessoas eram ''certinhas'' demais, e isso me fazia ter a sensação de ser a ovelha negra da turma. A adaptação foi difícil: tive que dividir quarto com uma pessoa que jamais havia visto, o que me constrangeu um pouco, mas isso nem foi o pior de tudo: o ápice foi o fato de não podermos escutar música. Havia entrado uma garota nessa mesma época, e seu nome era Katlin. Ela era a única pessoa que parecia ser normal e ter sentimentos, o resto eram apenas robôs irracionais que apenas cumpriam ordens. Rapidamente fizemos amizade.
O primeiro dia de aula foi aperreado. Eu (e Katlin também) levei muitas broncas por nada, o que nos deixou furioso. Nós apenas estávamos sendo nós mesmos. Então, como se fizéssemos parte de alguma história de suspense, decidimos fazer uma visita às escondidas na escola durante a noite, pois a curiosidade sobre o que havia de tão diferente naquela escola era gigantesca, coisa que não era permitida.
Após termos entrado na biblioteca e em alguns outros aposentos, decidimos ir à moradia do zelador (que nós nem sabíamos que existia até o momento), nos deixando bastante nervosos. Lá dentro, nós tivemos o privilégio, ou maldição, de poder ver uma cena que não acontecia todos os dias: a diretora e o zelador (que se parecia mais com um cientista) estavam fazendo o que parecia ser algum tipo de lavagem cerebral em uma garota. Tudo estava claro agora. O segredo dessa escola estava descoberto. Porém, Katlin estava com tanto medo de ser descoberta que sua respiração era capaz de ser ouvida a quilómetros de distância. Com isso, o zelador a escutou e veio em nossa direção, fazendo-nos correr cada um para seu quarto, dominados por um medo indescritível do que poderia acontecer no dia seguinte. ''Por sorte eles não nos viram'', pensei comigo mesmo.
Passada uma noite cheia de acordadas, como de costume, naturalmente, como todas as manhãs, liguei um som de uma música que gostava. De início eu tinha completamente esquecido de uma das principais regras do Colégio Interno: era proibido escutar música. Passados dois minutos, meu parceiro de quarto começou a ter o que parecia ser uma convulsão e, por isso, desliguei o som imediatamente. Quando ele acordou, parecia outra pessoa. Falava comigo normalmente, mas não sabia quem eu era e onde estava. Imediatamente corri pelos corredores da casa, com um sorriso tão grande que até o Coringa teria inveja, para contar à Katlin sobre a minha descoberta. A música era a solução!
Começamos a bolar um plano, que era mais ou menos assim: nós sabíamos que a diretora, Sra. Ross, tem um microfone que pode ser usado para transmitir qualquer mensagem para a escola inteira em segundos, ou quem sabe alguma música...
Dito e feito. Entramos em seu escritório, que por sorte estava sem ninguém, e ligamos a música que salvaria esses adolescentes da escravidão e traria a razão e a liberdade à tona mais uma vez. Mas, ao invés de sairmos ''numa boa'' e caminharmos pelo Hall da Fama do internato como heróis, a nossa professora (Sra. Kopenberg) nos avistara e já vinha se aproximando. ''Pelo menos nosso trabalho aqui está feito'', eu pensara aliviado.
Driblamos a nossa rival e corremos corredor a frente. Na próxima ''esquina'' já era o pátio! Mas adivinha quem estava nos esperando, isso mesmo, Sra. Ross, o diabo em pessoa. Estávamos encurralados: a diretora na frente e seu capanga atrás. Era isso, já era, game ove... ''Espera aí! Ouviu isso?'' Perguntei à minha parceira. ''Sim'', respondeu ela com o entusiasmo fluindo pelo corpo, ''são os nossos colegas vindo nos salvar!''
Essas palavras foram tão belas e reconfortantes que eu senti vontade de pedi-la em casamento no mesmo instante. Estávamos salvos! Nossos queridos amigos, quero dizer, amigos até aquele momento, haviam se libertado e nos salvado, da Escola da Escravidão.
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